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Mostrando postagens de agosto, 2012

A luz pode ofuscar olhos despreparados

Platão, no livro VII da Republica, narra “O mito da caverna”, uma das mais poderosas metáforas imaginadas pela filosofia, em qualquer tempo para descrever a situação da humanidade.  Para o filósofo, todos nós  estamos condenados a ver sombras a nossa frente e tomá-las como verdadeiras. Quem sair dessa caverna/rotina ficará com os olhos ofuscados pela luz da liberdade. Rubem Alves, na fábula “A toupeira que queria vem o cometa!”, faz uma bela analogia ao mito de Platão. A toupeira vivia em sua toca, embaixo da terra, quando ouviu vozes, vindas lá de fora, dos animais comentando que passaria o grande cometa. Todos foram observar o céu, só a toupeira não conseguiu ver o cometa, pois seus olhos não estavam acostumados a ver a luz.

História poética

“Havia um rei, que, em seu trono majestoso, Ao notar uma pluma caída no chão, a levantou, Fazendo-a, ao seu sopro, dançar no ar. A pluma não subia e descia por nada que fizesse; Só  sustentada pelo ar. Assim sou eu, pluma dependente do respirar de Deus.” ( Hildegarda de Bingen) 

A raposa e as uvas - Fábula de Esopo

Uma raposa que vinha pela estrada encontrou uma parreira com uvas madurinhas. Passou horas pulando tentando pegá-las, mas sem sucesso algum... Saiu murmurando, dizendo que não as queria mesmo, porque estavam verdes. Quando já estava indo, um pouco mais à frente, escutou um barulho como se alguma coisa tivesse caído no chão... voltou correndo pensando ser as uvas, mas quando chegou lá, para sua decepção, era apenas uma folha que havia caído da parreira. A raposa decepcionada virou as costas e foi-se embora de novo como um ar importante.  Moral: Quem desdenha quer comprar.

O PONTO NEGRO

         Certo dia, um professor entrou na sala de aula e disse aos alunos para se prepararem para uma prova relâmpago. Todos se sentiram assustados com o teste que viria. O professor entregou então, a folha com a prova virada para baixo, como era de costume... Quando puderam ver, para surpresa de todos, não havia uma só pergunta ou texto, apenas um ponto negro no meio da folha. O professor analisando a expressão surpresa de todos, disse: - Agora vocês vão escrever um texto sobre o que estão vendo. Todos os alunos, confusos, começaram a difícil tarefa. Terminado o tempo, o professor recolheu as folhas, colocou-se na frente da turma e começou a ler as redações em voz alta. Todas, sem exceção, definiram o ponto negro tentando dar explicações por sua presença no centro da folha. Após ler todas, a sala em silencio, ele disse: - Esse teste não será para nota, apenas serve de aprendizado para todos nós. Ninguém falou sobre a folha em branco. Todos centralizaram sua

Três surpresas

Era uma vez um santo monge que durante a oração de rotina acabou adormecendo e teve um sonho. Sonhou que estava diante do céu. As portas se abriram, deixando-o entrar. O monge logo se deu conta de três surpresas. A primeira delas: muitas pessoas que, no seu entender, não estariam no paraíso, lá estavam. Uma segunda surpresa: pessoas que ele imaginava que estivessem no paraíso, efetivamente lá estavam, mas com menos glória e prestígio do que supusera. Por fim, a maior de todas as surpresas: ele também estava no céu.

É fácil fazer um castelo

Contador de histórias

Contar histórias (e ouvir) tem origem milenar, da tradição oral. Naquele tempo, quando ainda não existia nem lápis e nem papel, o contador de histórias precisava ter uma boa memória para ser o depositário da herança cultural dos seus antepassados e depois reproduzir as suas raízes culturais aos descendentes. Era a tradição oral. Na historia de Israel, coube a tribo dos Levitas a tarefa de preservar a tradição do povo. Ouviam e contavam histórias entre as tribos. Viajavam muito e, das doze tribos, foi a única  que não recebeu a terra, na tradição judaica daquela época, considerada uma herança de Deus. A tribo dos Levitas recebeu uma missão maior, que era levar a tradição sagrada do povo, montar e conduzir o tabernáculo, tanto no período harmônico e feliz no tempo do regime tribal, como no período da escravidão e na longa caminhada pelo deserto em direção da terra prometida.  As narrativas tradicionais expressam em imagens as verdades mais profundas da vida.  Daí serem ete

A teia da aranha

Era uma vez, um homem estava sendo perseguido por vários malfeitores que queriam matá-lo. O homem que estava  correndo há bastante tempo, virou em um atalho que saía da estrada e entrava pelo meio do mato e no desespero elevou uma prece a Deus da seguinte maneira: - Deus Todo Poderoso,   fazei com anjos venham do céu e tapem a entrada da trilha para que os bandidos não me matem. Foi quando escutou que os homens se aproximavam da trilha onde ele se escondia e viu que na entrada da trilha apareceu uma minúscula aranha. A aranha começou a tecer uma teia na entrada da trilha. O homem se pôs a fazer outra oração,   cada vez mais angustiado: "Senhor, eu vos pedi anjos, não uma aranha. Senhor, por favor, com tua mão poderosa coloca um muro forte na entrada desta trilha, para que os homens não possam entrar e me matar". Abriu os olhos esperando ver um muro tapando a entrada e viu apenas a aranha tecendo a teia. Estavam os malfeitores entrando na trilha, na qual ele se enco

O rouxinol e os sapos

Era uma vez...Uma colônia de sapos vivia no fundo de um poço, do qual nenhum de seus membros jamais conseguira sair.      Eles levavam uma vida monótona, coachando, comendo pequenos insetos que lá caiam, dormindo e se reproduzindo.      Um dia, um rouxinol que sobrevoava a região avistou lá do alto o poço dos sapos e, atraído pela curiosidade, resolveu descer até lá. Ao avistarem aquela estranha criatura que pairava sobre suas cabeças, os sapos entraram em pânico e se esconderam em meio ao lodo.      O rouxinol, apesar de também estar surpreso, mostrou-se mais amistoso, afinal, devido à grande profundidade do poço, compreendeu que os pobres sapos jamais poderiam ter experimentado algum contato com o mundo exterior. Assim, passou a contar-lhes as maravilhas existentes fora daquele poço escuro e sujo. As palavras do rouxinol provocavam as mais diversas reações nos confusos sapos. Alguns se mostravam interessados e emergiam da lama para ouvi-lo melhor. Outros se afundavam ainda

Era uma vez... A sabedoria de uma história

Naquele tempo, Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou-Lhe: «Senhor, se o meu irmão me ofender, quantas vezes lhe deverei perdoar? Até sete vezes?»  Jesus respondeu: «Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete. Por isso, o Reino do Céu é comparável a um rei que quis ajustar contas com os seus servos. Logo ao princípio, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos. Não tendo com que pagar, o senhor ordenou que fosse vendido com a mulher, os filhos e todos os seus bens, a fim de pagar a dívida. O servo lançou-se, então, aos seus pés, dizendo: 'Concede-me um prazo e tudo te pagarei.’ Levado pela compaixão, o senhor daquele servo mandou-o em liberdade e perdoou-lhe a dívida. Ao sair, o servo encontrou um dos seus companheiros que lhe devia cem denários. Segurando-o, apertou-lhe o pescoço e sufocava-o, dizendo: 'Paga o que me deves!’ O seu companheiro caiu a seus pés, suplicando: 'Concede-me um prazo que eu te pagarei. ’ Mas ele

A coruja e o gavião

Era uma vez um pai coruja e um gavião. Os dois predadores chegaram a um acordo, um tratado de paz, fortalecendo os dois grupos, sobretudo preservando seus indefesos filhotes.  Bem intencionado, o gavião quis sab er como eram os filhos da coruja. Meus filhos, explicou a coruja, são lindos, engraçados, são primores da natureza. O gavião tomou nota, preocupado em cumprir o acordo firmado. Dias depois, em sua caçada, encontrou um ninho e nele dois filhotes horríveis, mal feitos, tristonhos, mas saborosos... Eram os filhos do pai coruja.  Ao constatar a tragédia, a coruja protestou contra a má fé do aliado. Não pode ser, tentou justificar o gavião, apenas devorei dois pequenos monstrinhos, as criaturas mais feias que eu já vi... Amar os filhos é o primeiro dever dos pais. Mas, esse amor, precisa levar em conta a realidade em que vivemos.

DIA DOS PAIS

No dia consagrado em homenagear os pais, lembro-me das palavras do escritor    uruguaio Eduardo Galeano  que em seu livro – Dos Abraços, narra a história de um menino que queria conhecer o mar.                   “Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kavadloff  levou-o para que descobrisse o mar. Viajaram para o Sul.          Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando.          Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos.          E foi tanta a imensidão do mar, e tanto seu fulgor, que o menino ficou mudo de beleza.          E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai: - P ai! Me ajude a olhar!” -          Sobre este texto, podemos dizer que pai não é aquele que ensina seu filho como o mar é, mas o que, junto com seu filho, leva-o a descobrir e se apropriar do(s) mar(es) do mundo, que ele vê com os olhos, sente com o coração, deseja

Era uma vez...

Dois Anjos viajantes pararam para passar a noite na casa de uma família muito rica. A família era rude e não permitiu que os Anjos ficassem no quarto de hóspedes da mansão. Em vez disso, deram aos Anjos um espaço pequeno    no frio sótão da casa.  À medida que eles faziam a cama no duro piso, o Anjo mais velho viu um buraco na parede e o tapou. Quando o Anjo mais jovem perguntou: por que? O Anjo mais velho respondeu: "As coisas nem sempre são o que parecem". Na noite seguinte, os dois anjos foram descansar na casa de um casal muito pobre, mas o senhor e sua esposa eram muito hospitaleiros. Depois de compartilhar a pouca comida que a família pobre tinha, o casal permitiu que os Anjos dormissem na sua cama onde eles poderiam ter uma boa noite de descanso. Quando amanheceu, ao dia seguinte, os anjos encontraram o casal banhado em lágrimas. A única vaca que eles tinham, cujo leite havia sido a única entrada de dinheiro, jazia morta no campo. O Anjo mais jovem estava

Empatia da amizade

Era uma vez ... As lições de escrever na Areia

Dois amigos Mussa e Nagib, viajavam pelas estradas e sombrias montanhas da Pérsia, acompanhados de seus ajudantes, servos e caravaneiros.      Certa manhã chegaram às margens de um rio onde era preciso transpôr a corrente ameaçadora. Ao saltar de uma pedra o jovem Mussa foi infeliz, falseando-lhe o pé e precipitando-se no torvelinho espumejante das águas em revolta. Teria ali morrido, arrastado para o abismo se não fosse Nagib, que sem hesitar, atirou-se na correnteza e, lutando furiosamente, conseguiu trazer a salvo o companheiro de jornada.      O que fez Mussa?      Chamou os seus mais hábeis servos e ordenou-lhes que gravassem numa pedra esta legenda : "Viandante! Neste lugar, durante uma jornada, Nagib salvou heroicamente seu amigo Mussa".      Seguindo viagem de regresso às terras, sentados numa areia clara, puseram-se a conversar e por motivo fútil, surge, de repente, uma desavença entre os dois companheiros.      Discordaram, discutiram e Nagib num ímp