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Mostrando postagens de junho, 2012

Era uma vez... Uma pipa e uma flor...

Era uma vez... A tigela de madeira

  Um senhor de idade foi morar com seu filho, nora e o netinho de quatro anos de idade. As mãos do velho eram trêmulas, sua visão embaçada e seus passos vacilantes. A família comia reunida à mesa. Mas, as mãos trêmulas e a visão falha do avô o atrapalhavam na hora de comer. Ervilhas rolavam de sua colher e caíam no chão. Quando pegava o copo, leite era derramado na toalha da mesa. O filho e a nora irritaram-se com a bagunça. - "Precisamos tomar uma providência com respeito ao papai", disse o filho. - "Já tivemos suficiente leite derramado, barulho de gente comendo com a boca aberta e comida pelo chão." Então, eles decidiram colocar uma pequena mesa num cantinho da cozinha. Ali, o avô comia sozinho enquanto o restante da família fazia as refeições à mesa, com satisfação. Desde que o velho quebrara um ou dois pratos, sua comida agora era servida numa tigela de madeira. Quando a família olhava par

Educar os olhos e a sensibilidade

Santo Antônio & Fernando Pessoa

Santo Antônio , O Santo mais venerado no mundo nasceu em Lisboa. A tradição popular diz que Santo Antônio deu uma oração a uma pobre mulher que procurava ajuda contra as tentações do demônio. Sisto V, Papa franciscano, mandou esculpir a oração - chamada também de "lema de Santo Antônio" - na base do obelisco que mandou erigir na Praça de S. Pedro, em Roma. Eis o original, em latim: Ecce Crucem Domini! Fugite partes adversae! Vicit Leo de tribu Juda, Radix David! Alleluia! Eis a tradução: Eis a cruz do Senhor! Fugi forças inimigas! Venceu o Leão de Judá, A raiz de David! Aleluia ! Esta breve oração tem todo o sabor de um pequeno exorcismo. Também nós podemos usá-la - em latim ou português - para nos ajudar a superar as tentações que se nos apresentam. Fernando Pessoa  nasceu na mesma cidade e no dia do santo casamenteiro. Por isso foi batizado  com o nome de  Fernando António Nogueira Pessoa   . Do livr

Os dois discípulos de Gandhi

Era uma vez...      Numa manhã de sol, apareceram diante de Gandhi dois homens que pediram ao Mahatma que os iniciasse nos mistérios do mundo espiritual. Gandhi acedeu ao pedido e  ofereceu-se para ajudá-los.  Os discípulos ficaram alegres e maravilhados com a possibilidade da experiência, sob a direção do exímio mestre.    Gandhi mandou seus iniciados começarem varrendo o grande pátio.   Os dois empunharam as vassouras, sem entender. Depois Gandhi mandou que descascassem batatas, cortassem verduras e que preparassem a refeição para o grupo. À tarde, Gandhi mandou que eles pegassem latas de creolina e fossem limpar privadas e fossas.  Os dois candidatos à suprema espiritualidade passaram a tarde toda desinfetando instalações sanitárias com água de creolina. Antes do descanso noturno, todos fizeram uma hora de meditação.    No dia seguinte, os mesmo trabalhos com pequenas variantes.    N o terceiro dia, um dos candidatos finalmente teve a coragem de perguntar:

Via Láctea

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto, Que, para ouvi-las, muita vez desperto E abro as janelas, pálido de espanto... E conversamos toda a noite, enquanto A Via Láctea, como um pálio aberto, Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto, Inda as procuro pelo céu deserto. Direis agora: "Tresloucado amigo! Que conversas com elas? Que sentido Tem o que dizem, quando estão contigo?" E eu vos direi: "Amai para entendê-las! Pois só quem ama pode ter ouvido Capaz de ouvir e entender estrelas" Olavo Bilac

A felicidade e a inveja

Era uma vez... Dionísio (430 a 367 a.C), governante de Siracusa, residia num magnífico palácio. Cercado de bosques, o castelo oferecia todo o conforto e o luxo que o dinheiro pode dar. Num misto de admiração e inveja os amigos elogiavam a riqueza e o seu bom gosto Um dos palacianos, Dâmocles, era o mais pródigo em elogios e sempre concluía: você realmente é feliz. Certo dia, Dionísio mandou chamar Dâmocles e lhe disse: quero que partilhes de minha felicidade. Por um dia poderás usufruir de todas estas riquezas. Dâmocles não acreditava em tamanha sorte e começou a visitar as magníficas salas do palácio e seus tesouros. No entanto, em meio a um esplêndido banquete, Dâmocles ergueu os olhos e sobre ele estava uma cortante espada, suspensa por uma frágil crina de cavalo. A qualquer momento poderia cair e decepar sua cabeça. A partir dessa constatação, perdeu o apetite e tratou de abandonar o castelo e suas riquezas o quanto antes.

O conto e a crônica

No I Encontro das Academias de Letras do Brasil em SC, realizado na Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, onde fui mestre de cerimônias, tive o prazer de reencontrar o escritor, Professor Júlio de Queiroz, que palestrou sobre o conto e a crônica. O CONTO E A CRÔNICA Um longínquo antepassado da espécie humana, ainda quase um símio sem pêlos, como qualquer outro animal terá grunhido seu susto ao ser atacado; sua dor ao ser começado a ser devorado; sua ansiedade quando em cio; sua satisfação ao encontrar comida. Estes grunhidos não o diferenciavam de qualquer outro animal com cordas vocais. A grande diferença é que, ao contrário de outros animais, o grunhido de “cuidado, perigo à vista!” tomou-se um aviso a todos os outros seus companheiros, interrompeu o que quer que o resto do grupo estivesse fazendo e o alertou. A interjeição terá sido a primeira mensagem dada e recebida. Nascia a linguagem falada, antecessora da comunicação escrita. Na ev

Saber sobre o autoprestígio ou, o poder pessoal

Fernando Pessoa

Dia em que não gozaste não foi teu: Foi só durares nele. Quanto vivas sem que gozes, não vives. Não pesa que amas, bebas ou sorrias: Basta o reflexo do sol ido na água de um charco, se te é grato. Feliz o a quem, por ter em coisas mínimas seu prazer posto, nenhum dia nega a natural ventura.