Vou contar a história de uma sementinha.
Sua mãe era uma
palmeira enorme, forte, de galhos compridos que entravam pelo céu.
Um dia, quando
estava ferrada no sono, uma coisa estranha aconteceu.
Créec!
Um barulho,
coisa que ela nunca ouvira antes.
De repente ela
viu uma coisa que nunca havia visto antes.
Seu mundinho
fechado e escuro, a barriga da sua mãe, se abriu. Começou a entrar uma luz.
Chegara a hora
de nascer.
Ela ouviu uma
voz suave e amiga: Sementinha! Sementinha! Não precisa ter medo. Sou eu, sua
mãe...
Ela olhou para
fora e viu aquela árvore enorme sorrindo para ela.
- Nada de ruim
vai acontecer, sementinha.
O mundo aqui
fora é mais gostoso que o mundo aí
dentro.
dentro.
Olhe, vou
apresentá- lá aos seus amigos.
Mamãe árvore
balançou suas folhas, chamando, e veio o vento, e passaram as nuvens, e o sol
brilhou...
Também a mãe de
todos, a terra, que nos dá vida...
E a sementinha
olhou para aquela terra maravilhosa, que se perdia de vista, nas montanhas do
horizonte, cobertas de coisas verdes e coloridas, vivas e alegres, boas para
comer, boas para cheirar, boa para ver...
A sementinha
sorriu. Estava feliz.
A sementinha
tinha uma amiga, alguém que gostava dela.
Assim ela viveu
alegre e tranqüila, por vários dias.
Até que sua mãe
lhe contou da grande viagem.
- Sementinha,
dentro de pouco tempo o vento vai soprar para longe. Quando isto acontece, você
vai para longe, numa longa viagem, flutuando.
A sementinha
estremeceu, teve medo, muito medo.
A sementinha
chorou.
Partir é sempre
muito triste.
A velha árvore
chorou também.
Ela gostava
muito de sua filha. Mas continuou:
- É preciso
partir, para continuar a viver.
Sementinha que
não parte acaba morrendo...
A sementinha
arregalou os olhos.
- Mamãe, por
favor, me explique...
A mãe
continuou...
- É preciso
partir, para se transformar em mãe.
É preciso que a
sementinha deixe o colo de sua mãe, para se transformar em árvore...
- Transformar
em árvore?
Mas eu sou só
uma sementinha, muito pequena.
As árvores têm
de ser grandes...
- Dentro de uma
sementinha está uma árvore adormecida.
O vento vai
levá- lá para longe...
De repente ele
vai parar.
Você cairá na
terra.
Ali na terra,
você vai deixar de ser semente e vai se transformar em árvore.
A sementinha
teve medo.
Ele não
entendeu aquilo que sua mãe lhe disse: você vai deixar de ser semente.
Será que ela
iria sumir, desaparecer?
Isto é coisa de
dar arrepios.
Ela se achava
tão bonitinha, redondinha, lisa, ah!
Seria bom
continuar a ser semente, sempre.
Mas sua mãe
adivinhou o que se passava na sua cabecinha.
- Sementinha
que continua sendo sementinha para sempre, termina seca, esturricada.
Por fim, morre.
O vento sobrou
forte.
A sementinha
foi arrancada do colo de sua mãe.
Teve de dizer
adeus e foi voando, voando, cada vez mais Longe...
Passou por
insetos, pássaros, folhas, alto, bem alto...
Até que o vento
parou.
E ela foi
descendo, até o chão.
O chão era
úmido.
A terra era
fofa e amiga.
E ela,
mãe-terra, começou a cantar uma canção de ninar.
- Dorme, dorme,
sementinha...
A terra quente
a abraçou.
Caiu a chuva.
Lá dentro da
terra, sem que ela percebesse como uma coisa nova começou a aparecer e a mexer.
Coisas novas,
diferentes: um brotinho verde.
O brotinho foi
crescendo, e quanto mais crescia, mais a sementinha diminuía.
A sementinha
preta e redonda estava sumindo para que ela nascesse uma árvore verde e grande.
O brotinho se
mexia dentro da barriga da mãe-terra, para sair...
Até que
apareceu, bem pequeno, do lado de fora.
E foi então que
a sementinha acordou, só que ela não era mais uma sementinha.
Era uma árvore
nenê.
Todas
diferentes, verdes com folhas bem pequenas.
Mas ela se
parecia com sua mãe.
E se
lembrou do que ela lhe tinha dito:
- Dentro de
cada sementinha está uma árvore adormecida.
E ela se sentiu muito feliz.
E ela se sentiu muito feliz.
Ia crescendo,
seria mãe também.
Olhou para
baixo, viu a terra.
Olhou para
cima, viu as nuvens, o sol.
Sentiu que o
vento brincava com suas folhas, e deu uma gostosa risada...
A sementinha
Era uma vez uma
sementinha.
Veio o vento e
derrubou a sementinha na terra e cobriu ela.
A sementinha
criou folhas pequenas.
A sementinha se
reproduziu, cresceu e se transformou numa grande árvore.
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