No meu livro O
Contador de história, conto a lenda oriental sobre um certo livro encontrado no
deserto, chamado de “O Livro do Destino”. É uma história magnífica, de autoria
desconhecida e que nos induz a reflexões maravilhosas para viver intensamente o
presente. Quando escrevi o roteiro da peça “O Contador de Histórias e a Árvore
dos sapatos” inspiração de uma história de Mia Couto, representamos no palco a
lendária história, numa releitura contemporânea.
Existem muitas
releituras da lenda, e em vários idiomas.
Abaixo a versão
de Aldo Colombo:
“Entre a inconsciência e o sonho tive a
visão de um palácio maravilhoso, feito de cristais. Uma placa informava: Livro
da Vida. O anjo que cuidava do palácio informou-me que lá estavam os registros
da vida, digitalizados, de todos os habitantes da Terra. Na primeira página
estava o passado de cada um, imutável, definitivo. No verso o futuro de cada
um. Quem tivesse acesso ao palácio poderia modificar o futuro, excluindo todo o
negativo e substituí-lo por coisas positivas. Ou até fazer o contrário. Depois
de muito implorar, o anjo permitiu que eu entrasse no palácio por cinco
minutos. Quase não acreditei na maravilhosa chance. Eu seria uma pessoa feliz,
inteiramente feliz.
A porta se abriu e logo vi o Livro da Vida do meu pior inimigo. Não resisti. O passado correspondia ao que sabia dele, mas seu futuro não era tão ruim. Existiam coisas boas. Rapidamente, apaguei as coisas boas e tornei ainda piores as coisas más. Encontrei também o livro da vida do meu primeiro professor. Ele parecia ter gosto em me humilhar e me dava notas bem inferiores às merecidas. Mais uma vez, substitui coisas boas por algumas menos boas. Bem ao lado, o livro da vida de um político de sucesso. O que o futuro reservava para ele? Finalmente, o livro da minha vida. Eu apagaria as dores e fracassos e colocaria tudo o que me fizesse feliz. Nisto o anjo tocou no meu ombro e disse: Tempo esgotado! Os cinco minutos haviam passado. Não haveria prorrogação. Coloquei as mãos no rosto e chorei. E saí da sala.
Na vida, cada um de nós tem a possibilidade de escolher ser feliz. Porém gastamos muito tempo controlando a vida dos outros. Colocamos nelas o tempero da maldade, e até mesmo um pouco de inveja, na perspectiva que sua felicidade diminuiria a nossa. Também criamos versões nada caridosas do bem que elas fazem. E cuidando dos demais, esquecemos nossa vida e nossas falhas.
A comparação entre nossa vida e um livro procede. As primeiras páginas não são nossas. Não escolhemos nossos pais, não escolhemos o tempo de nascer, nem escolhemos a escola. Aos poucos, porém, assumimos a autoria do livro. Cada página representa uma ou algumas escolhas nossas. As pequenas escolhas encaminham escolhas maiores. Fazemos nossas escolhas e elas fazem nossa vida.
Nós somos o resultado de nossas escolhas. Não das escolhas feitas no passado, mas das escolhas que fazemos hoje. A vida tem uma lógica: as causas geram consequências. No entanto, temos a incrível possibilidade de quebrar esta sequência. Cada um de nós pode dizer: de hoje em diante será diferente. E assim começamos a reescrever o livro de nosso futuro. Podemos e devemos substituir a maldade, a mágoa, a inveja, o egoísmo, por outros valores: o serviço, a partilha, a bondade, a prece. Podemos modificar a distribuição de nosso tempo e nossas prioridades.
Se uma coisa é importante, deve ser feita hoje, agora. Agora são os cinco minutos em que podemos modificar nosso futuro, povoando-o de felicidade. Santo Agostinho afirma: Deus dá a todos o perdão e a possibilidade de recomeçar, mas não garante a ninguém o dia de amanhã. A qualquer momento poderemos escutar a frase: tempo esgotado!”
A porta se abriu e logo vi o Livro da Vida do meu pior inimigo. Não resisti. O passado correspondia ao que sabia dele, mas seu futuro não era tão ruim. Existiam coisas boas. Rapidamente, apaguei as coisas boas e tornei ainda piores as coisas más. Encontrei também o livro da vida do meu primeiro professor. Ele parecia ter gosto em me humilhar e me dava notas bem inferiores às merecidas. Mais uma vez, substitui coisas boas por algumas menos boas. Bem ao lado, o livro da vida de um político de sucesso. O que o futuro reservava para ele? Finalmente, o livro da minha vida. Eu apagaria as dores e fracassos e colocaria tudo o que me fizesse feliz. Nisto o anjo tocou no meu ombro e disse: Tempo esgotado! Os cinco minutos haviam passado. Não haveria prorrogação. Coloquei as mãos no rosto e chorei. E saí da sala.
Na vida, cada um de nós tem a possibilidade de escolher ser feliz. Porém gastamos muito tempo controlando a vida dos outros. Colocamos nelas o tempero da maldade, e até mesmo um pouco de inveja, na perspectiva que sua felicidade diminuiria a nossa. Também criamos versões nada caridosas do bem que elas fazem. E cuidando dos demais, esquecemos nossa vida e nossas falhas.
A comparação entre nossa vida e um livro procede. As primeiras páginas não são nossas. Não escolhemos nossos pais, não escolhemos o tempo de nascer, nem escolhemos a escola. Aos poucos, porém, assumimos a autoria do livro. Cada página representa uma ou algumas escolhas nossas. As pequenas escolhas encaminham escolhas maiores. Fazemos nossas escolhas e elas fazem nossa vida.
Nós somos o resultado de nossas escolhas. Não das escolhas feitas no passado, mas das escolhas que fazemos hoje. A vida tem uma lógica: as causas geram consequências. No entanto, temos a incrível possibilidade de quebrar esta sequência. Cada um de nós pode dizer: de hoje em diante será diferente. E assim começamos a reescrever o livro de nosso futuro. Podemos e devemos substituir a maldade, a mágoa, a inveja, o egoísmo, por outros valores: o serviço, a partilha, a bondade, a prece. Podemos modificar a distribuição de nosso tempo e nossas prioridades.
Se uma coisa é importante, deve ser feita hoje, agora. Agora são os cinco minutos em que podemos modificar nosso futuro, povoando-o de felicidade. Santo Agostinho afirma: Deus dá a todos o perdão e a possibilidade de recomeçar, mas não garante a ninguém o dia de amanhã. A qualquer momento poderemos escutar a frase: tempo esgotado!”
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