Written by da Redação on 20 fevereiro 2009
Julião Ayrton
Aprendendo com os Animais: eu sou eu ou sou você?
il. Valdemir Gonçalves de Lima; Alexandre Schweickardt
EST Edições, 2004 (2ª ed.)
1ª ed. (2004)
128 pp.
ISBN 857517050-3
Aprendendo com os Animais: eu sou eu ou sou você?
il. Valdemir Gonçalves de Lima; Alexandre Schweickardt
EST Edições, 2004 (2ª ed.)
1ª ed. (2004)
128 pp.
ISBN 857517050-3
Dar livros a
escritores pode ser às vezes um problema. Ganhei este, que de certo modo
prometia. Realmente considero que há muita coisa a ser aprendida, através de
vários animais, incluindo os Grandes Primatas Humanos (GPH), por mais descabido
que isso pareça. Um tanto surpresa, um tanto alegre, fiz o que sempre faço
quando tenho um livro nas mãos: folheei-o e escolhi uma frase a esmo.“Os cães, quando vão
para a nossa cama, querem a nossa companhia. Já os gatos, quando vão para a
nossa cama, querem a nossa cama!” (p.46).Das duas, uma: ou o
Sr. Julião Ayrton nunca teve contato aproximado com gatos, ou ele preferiu
disgressar em lugares-comuns. Porque dizer que o gato gosta da casa e o
cachorro do dono é a coisa mais batida do planeta, e nem sempre correta.Em primeiro lugar,
adoro cachorros. Deixo isso claro para ninguém vir com “ah, ela diz isso porque
prefere gatos”. Convivo com cães e gatos (e jegues, galinhas, cabras, gansos…)
desde que me conheço por gente.Tem vezes que cães
vo para a nossa cama sem que estejamos lá. Até mesmo rosnam caso a gente
apareça para perturbar sua siesta. Tive um poodle assim, por isso sei do que
estou falando.Esse mesmo poodle
atacou o joelho de um colega de escola, apenas porque eu o detestava, e ele sabia
disso. Milu – o meu poodle mendigo, um rasta de picão – e eu éramos tão ligados
que eu nem precisava dar a ordem; ele sentia a mesma animosidade.Cães são divertidos e
elegantes, do mesmo modo como gatos são divertidos e elegantes. Tudo vai
depender do temperamento do bicho e do temperamento do bicho do bicho – ou
seja, o dono.Certamente não levo
meu gato à praia – embora já tenha tentado -, e quando não tem bípedes que não
voam por perto (os GPH), eu levo meu cachorro. Já que desde essa proliferação de
“Proibido Animais na Praia” nem sempre é possível apreciar uma boa corrida
canina atrás das gaivotas. Quando o assunto é passeio, acho mais seguro levar
meu cão. Ele aceita melhor a guia e não tem problemas em ser conduzido.Quando o assunto é
trabalhar acompanhado, eu certamente prefiro meu gato. Ele não fica ganindo e
bufando, nem arranhando meu colo, ou babando na minha calça, ansioso por
atenção. Meu gato deita e esquece do mundo, deixando-me trabalhar esquecida do
mundo. Quando ele decide que já se passou um tempo considerável, acorda,
boceja, espreguiça-se e agarra o fio do meu mouse. Se assim mesmo eu o ignorar,
ele passa a ser mais agressivo, e passeia pelo teclado do meu laptop,
arruinando meu texto. Prontamente, então, eu o obedeço, agarrando-o e levando-o
ao prato de comida, de água, ou à porta – o que ele preferir. Normalmente, após
a primeira assertiva, já o atendo na pegada do mouse.Tudo depende do
vínculo que se cria entre os animais – neste caso, entre o GPH e o gato, ou o
cão, ou outro animal em questão. Já falei sobre esta história do vínculo, e
acredito mesmo nisso. Já conheci gatos indiferentes e conheço gatos
companheiros, que estão pouco se lixando para a cama, e sim para quem está
deitado nela. Do mesmo modo, já conheci cães escorregadios e cães altamente
fiéis, assim como já conheci cães agressivos com seus donos – que mereciam a
agressividade.É como o Machadão já
dizia, desbundando semiótica, pelos idos de 1896: “As coisas têm o valor do
aspecto, e o aspecto depende da retina”. Quem olhar o gato como um interesseiro
mais preocupado com a casa do que com seu dono, terá um exatamente assim.
Por Luana von Linsingen (Escrivaninha)
Julião Goulart disse:
Olá Senhora Luana.
Aproveito a oportunidade que a WEB nos concede para agradecer seus comentários
sobre o meu livro “Aprendendo com os animais”. Já tive gatos e cães. Meus gatos
morreram cedo. Um foi atropelado, gostava de sair nas noites, e o outro morreu
por doença. Ainda tenho minha cadelinha Rebeca, que me motivou escrever o livro
que você teve a gentileza de fazer um comentário. Rebeca está com 16 anos e
requer mais cuidados que um gato velho. Gato têm 7 vidas, é mistério, foi
divindade no Egito e cada animal tem a sua biologia na relação com o universo. Algumas
interpretações são subjetivas, dependem das carências e dos nossos apegos.
Meus livros têm me oportunizado conhecer pessoas, seus trabalhos e, foi graças
ao “Aprendendo com os animais” que conheço você, seus trabalhos nas escolas.
Sabe de uma coisa? Descobri que temos muitas coisas em comum, além de gostar de
gatos: escolas, crianças e educação. Parabéns pelo seu trabalho.
Obrigado.
Julião Goulart Blog>>> http://www.juliaogoulart.blogspot.com/
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