A condição humana é simbolizada por um homem que se tinha escondido num poço para escapar à fúria de um elefante no cio. Suspenso pelas mãos em dois ramos de uma arbusto que crescia à beira do poço, olhou para baixo e viu quatro serpentes esticando a cabeça junto aos seus pés e, no fundo, um dragão esperando por ele de goela aberta. Olhou para cima e viu dois ratos, um branco e outro um preto, a roerem os galhos que o sustentavam.
Enquanto refletia sobre a sua condição e procurava a salvação, deparou com um favo de mel de abelha ao seu lado. Provou o mel e achou tão saboroso que esqueceu os perigos que o rodeavam e a necessidade de buscar a salvação. Não cuidou mais das quatro serpentes que lhe roçavam os pés, do dragão que o esperava de goela aberta, dos ratos que roíam os ramos.
A doçura do mel o distraiu até que os ramos foram cortados e ele caiu na bocarra do dragão e foi engolido.
Comparo a vida, neste mundo cheio de perigos e de sofrimentos, a este poço. As quatro serpentes são os quatro humores do corpo humano que, turvados, transformam-se em veneno mortal, Os dois ramos são a idade que deve inevitavelmente terminar. Os dois ratos, o preto e o branco, são a noite e o dia a destruírem a nossa vida sem parar. O dragão é a morte inexorável. Quanto ao mel, é um pouquinho do deleite que o homem consegue desfrutar nesta vida e por causa do qual esquece seu drama, se distrai de seu destino e negligencia sua salvação.
* (Do livro “As mais Belas Páginas da Literatura Árabe” Mansour Chalita, Editora Vozes, p.235)
* (Do livro “As mais Belas Páginas da Literatura Árabe” Mansour Chalita, Editora Vozes, p.235)
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