Cada roteirista tem as suas manias. Tenho as minhas, carrego um pequeno bloco de anotações e caneta por onde ando para anotar idéias, conexões entre o real e o imaginário.
Se para escrever uma crônica é necessário pegar um retalho do cotidiano, misturando com expressão poética e suas variações, escrever um roteiro para teatro ou cinema é bem diferente.
No primeiro caso a mensagem é literária e de leitura individual, no segundo, há uma riqueza de elementos visuais, auditivos que se misturam com a escuta coletiva da platéia e múltiplas interações de um grupo de interesse comum que compartilham o mesmo espaço.
Na leitura individual o leitor cria a sua própria imagem, por vezes bem diferente da descrita pelo escritor. O ser humano é uma criatura de dimensões complexas, combina raízes culturais, instrução formal, medos enfrentados ou não e suas experiências acumuladas, entre outros.
É o que chamamos de subjetividade. No meu mais recente trabalho de roteirista, um curta-metragem de ficção, fui buscar na milenar arte de pescar a inspiração para o novo filme.
Era uma vez um pescador que tinha um sonho... Queria ter o seu próprio barco de pesca. Sua mulher também tinha um sonho desde criança – ser enfermeira -, uma profissão que considerava exercício de amor e solidariedade. Ambos viviam na realidade de uma peixaria, como empregados. Ele vendedor, e ela limpadora de peixes.
Um dia, não muito longe dali, um grande transatlântico se aproxima da costa catarinense trazendo turistas e passageiros quando algo aconteceu e o sonho do casal começou a se transformar em realidade.
O final da história, adiantada nessa breve sinopse do roteiro, será contada quando o curta-metragem for produzido. O roteiro está pronto e é repleto de surpresas.
Prometo que se eu for o diretor de mais esse curta-metragem, trabalharei intensamente com os arquétipos comportamentais, deixando de lado a minha interpretação subjetiva.
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