Pular para o conteúdo principal

Sabedoria popular e os bichos

Em baile de cobra, sapo não entra!
Mais perdido que gato que caiu de caminhão de mudanças.
Alegre como lambari de açude.
Mais enfeitado que cavalo de cigano.
Pássaros de mesma pena voam juntos.
Os paraquedistas sabem por que os pássaros cantam.
Em rio que tem piranha, jacaré nada de costas.
Mais vale um pássaro na mão do que dois voando.
De grão em grão, a galinha enche o papo.
Quieto como porco em batatal.
Quem menos pode é quem paga o bode.
Cão bom nunca ladra em falso.
Perdido é o gado que não tem pastor nem cão.
Cobra que quer morrer, procura a estrada.
De moita ruim sai por vezes bom coelho.
Todos têm na vida tempo de coruja e tempo de falcão.
Todos os tombos da enguia são para a água.
Quem tem filho de bigode, é gato.
Jacaré não entrou no céu porque tinha a boca grande.
Feliz como mosca em rolha de xarope.
Mais apressado que cavalo de carteiro.
Mais assustado que cachorro em canoa.
Baixo como vôo de marreca choca.
Cheio como corvo em carniça de vaca atolada.
Contrariado como gato a cabresto.
Dorme atirado que nem lagarto.
Mais enrolado que namoro de cobra.
Falso feito cobra engambelando sapo.
Sutil como gato que vai pegar passarinho.
Vivo como cavalo de contrabandista.
Cachorro mordido por cobra tem medo de lingüiça.
Gato bom enterra a merda bem longe de casa.
Infeliz do rato que só conhece um buraco.
Tempestade no mar, gaivotas em terra.
Hóspede, depois de três dias, cheira a cavalo morto.
Elefantes e mulheres nunca se esquecem.


Extraído do  meu livro "Aprendendo com os animais" - EST Edições - Porto Alegre - 3a Edição


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A árvore dos sapatos *

 A árvore dos sapatos   (Do livro Contador de História, Julião Goulart, Editora UFSC 2009, p.22)  História de Mia Couto que transformei em roteiro para  teatro  " O contador de histórias e a árvore dos sapatos" ,  peça que foi encenada em três temporadas, 2009,2010 e 2011, nos teatros da UBRO, UFSC, UDESC e TAC, recontada abaixo: "Muito longe daqui, no Sul da África, não muito tempo atrás, vivia uma tribo que não usava sapatos. Pra quê sapatos? Se a areia era macia, a grama também. Mas às vezes as pessoas tinham que ir à cidade. Para resolver um assunto, um negócio de cartório, hospital, ou receber dinheiro ou até mesmo ir a uma festa. Aí eles precisavam de sapatos, e era um tal de pedir emprestado, que nunca dava certo. Foi aí que o velho mais velho da vila que, como tantas vezes acontece, era também o mais sábio   resolveu o problema. Ele abriu uma tenda de aluguel de sapatos bem na entrada da vila. Instalou-se à sombra de uma gran...

O homem que procurava a mulher perfeita para casar.

Era uma vez... O homem que procurava a mulher perfeita para casar. Um homem solteiro, já de idade avançada, contava a um amigo a sua busca de uma mulher perfeita para casar. O amigo perguntou: - Então, você nunca pensou em casamento? - Já pensei. Em minha juventude, resolvi procurar e conhecer a mulher perfeita. Atravessei o deserto, nas minhas buscas, até que cheguei em Damasco e conheci uma mulher espiritualizada e lindíssima, mas ela não tinha os “pés no chão” pois nada sabia das coisas do mundo. Continuei a viagem, e fui a Isfahan; lá encontrei uma mulher que conhecia o reino da matéria e do espírito, mas não era uma moça bonita. Então resolvi ir até o Cairo, lá no Egito, onde jantei na casa de uma moça muito bonita, religiosa e conhecedora da realidade material. Era a mulher perfeita! - E por que você não casou com ela? – perguntou seu amigo. Ah, meu companheiro! Infelizmente ela também procurava um homem perfeito. (Extraído do meu livro Contador de Histór...

Piada – O passarinho, a vaca e o gavião *

Num daqueles dias gélidos de inverno, um passarinho estava tiritando de frio e já não podia voar, pois suas asas estavam endurecidas pela geada. Uma vaca que estava próxima, vendo a agonia do pobre passarinho, defecou sobre a pequena ave. Em pouco tempo, e graças ao calor da bosta da amiga vaca, o passarinho recuperou-se e pôs a cabeça para fora para cantar e agradecer. Não longe dali, um gavião que estava à procura de comida, vendo o passarinho cantar, deu um voo rasante, capturando e comendo o desatento passarinho. Moral da história: 1 – Nem sempre aquele que bota você na merda é seu inimigo. 2 – Nem sempre aquele que tira você da merda é seu amigo. 3 – Quando você estiver na merda, fique quieto! * Extraído do livro "Aprendendo com os animais" p.48, EST Edições - Porto Alegre - 3a. Edição, Escritor Julião Goulart