Era uma vez... Um fabricante
de sapatos que não gostava de teatro. Ele jamais havia entrado num recinto
teatral, muito menos num camarim.
Como de costume, sempre
que estava na cidade pela primeira vez, foi andar para apreciar o lugar. Ao
passar diante de um teatro, viu a fila de pessoas alegres para comprar
ingressos.
O homem adorava fazer
observações profissionais e ali estava uma oportunidade de ver diversos modelos de sapatos. A fila andava, ele olhando para baixo
para ver os sapatos dos outros nem
percebeu que já estava diante da bilheteria. Era a sua vez de comprar ingresso.
Depois de comprar
ingresso, o homem, seguindo o fluxo da fila, entrou no teatro.
Quando começou o
espetáculo, uma bailarina pisou docemente no palco, fez evoluções e passos de danças com uma
coreografia sublime e impecável, embalada por uma música divina.

Ao final do espetáculo,
enquanto o público deixava o teatro, o
curioso decidiu ir além do proscênio e
das coxias para conhecer o outro lado do palco.
Foi lá, num canto escuro e silencioso, sobre o piso de
madeira, que o homem encontrou um par de
sapatilhas, sem graça, retorcidas e dobradas pela ação dos elásticos. E, com
uma das sapatilhas na mão, o homem começou a pensar na beleza e no balançar harmônico
ritmado da bailarina.
Na saída do teatro o homem, cheio de entusiasmo, perguntou para o
encarregado da portaria:
- Quando haverá um novo
espetáculo?
- Hoje foi o último
espetáculo desta temporada, - respondeu o porteiro...
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