Em uma cidade
existia uma mulher que morava sozinha,
e tinha como
vizinhos um casal de idosos.
Então esta
mulher lavava as roupas, e as colocavam em seu varal
e a senhora
idosa, lá de dentro da casa dela, olhava as roupas no varal,
e dizia ao
marido dela:
- Olha velho,
como aquela vizinha é desmazelada, as roupas dela,
ela lava e
ficam todas sujas!! E o velho sentado em sua cadeira
de balanço,
ficava quieto
e não fazia comentários sobre aquilo ali.
Então a
vizinha tornou a lavar as roupas e coloca-las no varal,
e a velha
sentada na cadeira de dentro da casa dela,
comentou
novamente com o velho, olha velho aquela vizinha é muito porca,
ela lava as
roupas e ficam todas sujas, como que pode ser assim?
E o velho
sempre lendo seu jornal, preferia não comentar.
Então, um dia,
o velho indignado com sua esposa, levantou-se mais cedo.
A velha nem
perguntou o porque.
Então a
vizinha, lavou todas as roupas brancas, e deixou-as limpas,
como nunca, e
a velha sentada em sua cadeira fazendo tricô, e o velho lendo o jornal.
A velha
comentou, olha velho, parece que a vizinha fez algum curso
para aprender
a lavar as roupas, ou então alguém lavou as roupas pra ela,
as roupas
estão branquinhas.
O velho
levantou-se colocou o jornal em sua cadeira e disse para a velha:
Não foi a vizinha que fez curso, e ninguém lavou as roupas dela,
hoje quando levantei mais cedo, lavei as janelas daqui de casa.
|
A árvore dos sapatos (Do livro Contador de História, Julião Goulart, Editora UFSC 2009, p.22) História de Mia Couto que transformei em roteiro para teatro " O contador de histórias e a árvore dos sapatos" , peça que foi encenada em três temporadas, 2009,2010 e 2011, nos teatros da UBRO, UFSC, UDESC e TAC, recontada abaixo: "Muito longe daqui, no Sul da África, não muito tempo atrás, vivia uma tribo que não usava sapatos. Pra quê sapatos? Se a areia era macia, a grama também. Mas às vezes as pessoas tinham que ir à cidade. Para resolver um assunto, um negócio de cartório, hospital, ou receber dinheiro ou até mesmo ir a uma festa. Aí eles precisavam de sapatos, e era um tal de pedir emprestado, que nunca dava certo. Foi aí que o velho mais velho da vila que, como tantas vezes acontece, era também o mais sábio resolveu o problema. Ele abriu uma tenda de aluguel de sapatos bem na entrada da vila. Instalou-se à sombra de uma gran...
Comentários
Postar um comentário