Em minhas recordações de adolescente, lembro-me das reuniões itinerantes, de casa em casa, onde os jovens se reuniam para dançar e conversar. Fazíamos um mutirão para organizar o ambiente: podia ser na garagem, sala de estar, ou até mesmo num dormitório mais amplo. Bastava arrastar os móveis para criar um espaço de pista de dança para os artistas e dançarinos desfilarem seus charmes. Uns cuidavam do som, outros dos LPs, as gurias dos comes e os guris dos bebes. Para animar, coca-cola ou guaraná com um pouco de vodca para os mais ousados. Mamãe, dona da casa, zelava por todos.
Em cada reunião dançante existia um grupinho que se mantinha afastado, falando uma linguagem de gírias e com olhares compartilhando segredos. Não passava disso, logo chegava a hora de todos irem pra casa dormir, pois precisavam levantar cedo no outro dia para estudar ou trabalhar. Essa era uma das desvantagens de fazer a festa em casa de família, e ainda sob os olhares dos donos da casa. Ninguém falava em drogas.
Sabíamos que existiam alcoolistas, alguns pais de família, jovens e que a maconha era usada em diferentes contextos, mais no mundo artístico.
Hoje aprendemos a marchar com os tempos, aceitar o novo, que sempre vence como diz a música. O mundo está melhor em muitos aspectos, mas, certamente um dos desafios dos novos tempos, é a abordagem educacional das drogas, assunto diário na mídia.
Não é bom reconhecer que as drogas estão matando o melhor da nossa juventude, aumentando os indicadores de violência e acidentes de trânsito.
A Dependência Química (DQ) foi incluída nos programas de saúde pública, como doença, inclusive na lista do CID-10 da OMS.
Doença incurável, mas que tem recuperação pela abstinência.
Costumo dizer em minhas palestras que os drogaditos, diferente dos que não têm a doença, precisam fazer abstinência das substâncias psicoativas para viver e produzir em sociedade.
Como quem tem diabetes e não pode comer açúcar. No caso, renuncia à glicose.
Durante alguns anos, trabalhei com jovens drogaditos, como voluntário num programa de prevenção e recuperação da DQ.
Urge à sociedade organizada promover discussões em busca da solução mais possível para esse grave problema que atinge famílias, empresas e todos os segmentos sociais. Em breve, a ciência achará as respostas que tanto necessitamos. Enquanto isso, pergunto:
Qual será a maior de todas as drogas?
É preciso respirar fundo, encher os pulmões com o ar da coerência de quem não aceita a realidade como está. Que tem a ousadia de desagradar ao dizer: Que existem pessoas drogas, pais e mães drogas, famílias drogas, profissionais drogas e governantes drogas. E ter muito cuidado ao usar o verbo “são”‘ drogas, e ter a esperança de dizer que eles “estejam” drogas. Que haverá novo amanhã.
Mas a maior de todas as drogas, certamente, é a nossa indiferença perante a diferença entre ser e estar.

É triste saber que muitos, mesmo tentando, não conseguem se desvincular das drogas. O apoio da família é muito importante. Ainda bem que existem grupos de apoio tanto para o dependente químico como para seus familiares. Os pais e amigos têm que estar atentos e observar o comportamento de quem poderia estar se submetendo a este malefício. Interessante seria saber quais as entidades existentes em Florianópolis para possível encaminhamento.
ResponderExcluirMilka Plaza.